Apoiantes elogiam Trump sobre Kyiv após criticarem ataque ao Irão
- 04/07/2025
O anúncio desta semana de suspender o fornecimento de mísseis de defesa aérea, artilharia guiada de precisão e outros equipamentos à Ucrânia surge poucas semanas depois de Trump ter ordenado aos militares norte-americanos que realizassem ataques a instalações nucleares iranianas.
O bombardeamento destes locais no Irão fez com que alguns apoiantes acérrimos do movimento MAGA ["Make America Great Again", "Engrandecer de Novo a América", o principal 'slogan' do republicano] questionassem abertamente se Trump estaria a trair a sua promessa de manter os Estados Unidos fora das "guerras estúpidas" ao lançar os militares norte-americanos no conflito de Israel com Teerão.
Com a pausa na ajuda à Ucrânia, que afeta um reabastecimento crucial de mísseis Patriot, Trump está a enviar a mensagem aos seus apoiantes mais entusiastas de que está empenhado em cumprir a sua promessa de campanha, noticiou hoje a agência Associated Press (AP).
"A escolha era esta: ou priorizar o equipamento das nossas próprias tropas com munições escassas [e que foram utilizadas para defender as tropas americanas na semana passada] ou fornecê-las a um país onde os interesses americanos são limitados", analisou, na rede social X, Dan Caldwell, que foi destituído do cargo de conselheiro sénior do secretário da Defesa, Pete Hegseth.
O influenciador de extrema-direita Jack Posobiec, outro fervoroso apoiante da MAGA, avisou, enquanto Trump ponderava se deveria realizar ataques ao Irão no mês passado, que tal medida "dividiria desastrosamente a coligação Trump".
E foi rápido a celebrar a notícia sobre a suspensão de algumas entregas de armas à Ucrânia: "America FIRST" [América PRIMEIRO, em português], publicou Posobiec no X.
Trump comentou hoje a suspensão pela primeira vez, justificando a medida como necessária, acusando o ex-presidente Joe Biden (democrata) de "esvaziar todo o país dando-lhes armas [à Ucrânia]".
Ao mesmo tempo, responsáveis da Casa Branca (presidência norte-americana) e do Pentágono (Departamento de Defesa) disseram que a medida é consistente com a promessa de campanha de Trump de limitar o envolvimento dos EUA em guerras estrangeiras.
Mas a decisão está a gerar também ansiedade entre os membros da ala mais conservadora do Partido Republicano. Muitos estão perplexos com a decisão de Trump de travar o fluxo de armas dos EUA, numa altura em que a Rússia acelera o seu ataque implacável à Ucrânia.
O congressista Brian Fitzpatrick, republicano da Pensilvânia, oriundo de um distrito onde a ex-vice-presidente Kamala Harris venceu em 2024, escreveu a Trump e ao Pentágono na quarta-feira expressando "séria preocupação" com a decisão e solicitando um encontro de emergência.
Trump falou hoje por telefone com Putin, a sexta chamada entre os governantes desde o regresso de Trump ao cargo. Os líderes discutiram o Irão, a Ucrânia e outros assuntos, mas não abordaram especificamente a suspensão de envios de armas, de acordo com Yuri Ushakov, conselheiro para os negócios estrangeiros de Putin.
Zelensky disse na Dinamarca, depois de se reunir com importantes apoiantes da União Europeia, que espera conversar com Trump nos próximos dias sobre a suspensão.
A pausa foi coordenada pelo chefe de políticas do Pentágono, Elbridge Colby.
Colby, antes de assumir o seu cargo, falou publicamente sobre a necessidade de concentrar mais a estratégia dos EUA na China, amplamente vista como o maior concorrente económico e militar dos Estados Unidos.
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